Cada vez
mais, sinto que este corpo não me pertence e sou eu que lhe pertenço. Eu
não o consigo fazer agir ou até parar, mas, ironicamente, ele consegue fazê-lo
comigo.
Quando estou no silêncio, mando-o gritar, mas só consigo
com que fique ainda mais silêncio em mim. Quando me sinto sozinha, mando-o
aproximar-se das pessoas que me fazem bem, mas como reposta, ele fogem para o
mais possível delas. Quando choro e o mando sorrir, ele solta cada vez mais
lágrimas. Quando perco o controlo e o mando parar, ela ataca-me como se de um
erro se tratasse. Quando quero que ele pense em momentos alegres e felizes, ele
age como se não soubesse o que isso era, como se nunca tivesse passado por
momentos desses. Se eu passei por esses momentos, como é que ele não os passou
comigo? Por mais tempo que passe e por mais provas que apareçam, apercebo-me de
que tudo o se passa comigo é pura ilusão, ou simplesmente imaginação.
Por mais que tente não consigo controlar, nem influenciar
o meu corpo. Porém, quando nele se sente triste, eu sinto-me triste; quando ele
sente medo, eu sinto o seu desespero; quando ele sofre, eu sinto toda a sua
dor. E quando eu me sinto feliz (o que raramente acontece) não consigo fazer
com que ele sinta o mesmo e ele acaba por me influenciar com a sua dor e a
felicidade extingue-se assim do meu corpo e da minha alma, até que já não reste
mais esperança.
Perdi o controlo de tudo. E agora sou prisioneira deste
corpo que não me pertence.
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