sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Sonho estranho

Esta noite tive um sonho estranho. Sonhei que ia de mota, acelerei um pouco e perdi o seu controlo. Despistei-me e o meu corpo arrastou cerca de 10 metros no chão. De início, não percebi, mas mal caí da mota, separei-me do meu corpo. Olhei para ele mais tarde. Vi-o a sagrar, todo arranhado e um pouco inchado. Reparei também que não levava capacete. Como fui esquecer-me do capacete?
            Veio alguém a gritar e, passados poucos minutos, chegou a ambulância. Atrás da ambulância surgiu uma onda de pessoas que se colocaram em volta ao meu corpo, enquanto os paramédicos o analisavam.
            O meu pai chegou ao local e, ao vê-lo destroçado, tentei exaustivamente voltar para o meu corpo, mas foi a primeira tentativa falhada. Logo a seguir, chegou a minha mãe e agarrou-se ao meu corpo a pedir que eu voltasse. Tentei então mais uma vez voltar, mas, mais uma vez, falhei.
            Taparam-me o corpo e dirigiram-se aos meus pais. A minha mãe desfez-se em lágrimas e percebi, então, que o meu corpo morrera.
             Chegou o meu irmão e eu nunca me senti tão mal. “Eu não o posso deixar”. “Eu tenho que o ver crescer”. Tentei então voltar ao meu corpo com a força das lágrimas do meu irmão, mas nem essa força foi suficiente: falhei.
Percebi então, que a morte não é o fim dos sentimentos, mas sim, o piorar deles.
            Saltei logo para o dia do funeral. Todos os meus familiares e amigos vestidos de negro. Só o meu corpo dentro do caixão estava vestido de branco. Custou-me tanto, vê-los tao mal com o meu fim. Eu não podia deixá-los. Morreria novamente de saudade.
            Alguns choravam, outros rezavam e outros falavam sobre as roupas, o caixão, as pessoas, o acidente. Tinham todos uma rosa vermelha na mão que atiraram para dentro do caixão. Pareciam manchas de sangue num manto branco e isso, fez-me lembrar o acidente. Fecharam o caixão e colocaram-no naquele buraco. Taparam-no com aquela terra negra como a morte. Como pode ser a terra o destino de todos os corpos humanos?
            Apareceu uma luz branca e brilhante à minha frente e percebi que mais ninguém reparara nela. Não tine outra reação possível, senão caminhar em direção a ela, mas, quando estava prestes a atingi-la, acordei num salto.

            Talvez se eu dormisse mais um segundo e atingisse a luz, já não conseguiria acordar.